Em entrevista inédita, o autor de telenovelas como Tieta (1989), Senhora do Destino (2004) e Império (2014) relembra a infância na cidade pernambucana de Carpina, o início profissional no Rio de Janeiro, como jornalista e escritor, e a inspiração na vida real para a criação de personagens como Griselda, de Fina Estampa (2011). Adianta, ainda, que podem vir novidades suas na tevê e que está registrando em livro momentos das histórias vividas ao longo dessas oito décadas.
Para comemorar os 80 anos do escritor e dramaturgo Aguinaldo Silva, o site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br publica matéria com entrevista exclusiva do autor, responsável por alguns dos maiores sucessos entre as telenovelas brasileiras. Nascido em 7 de julho de 1943, no interior de Pernambuco, ele conversou com a jornalista Juliana Ribeiro, da equipe do portal do IC, sobre momentos importantes dessa trajetória, a qual começou a ser fomentada por um pai pobre que sempre investiu em boas escolas para o filho. Assim, o menino tomou gosto pela escrita, publicou seu primeiro livro aos 16 anos, e virou jornalista, até chegar ao reconhecimento nacional por meio de sua dramaturgia.
Dividida em oito momentos, a matéria começa com o recorte Infância em Carpina, juventude em Recife, onde Aguinaldo Silva relembra da condição financeira restrita do pai, que trabalhava em um posto de gasolina, mas investiu em sua educação, colocando-o em escolas caras e chegou a mudar de cidade para garantir que o garoto continuasse com os estudos. “Ele queria que eu fosse advogado, mas minha mãe queria que eu fosse padre – duas profissões incompatíveis comigo”, relembra ele.
No momento Do brincar de escrever ao sucesso do primeiro livro, a matéria descreve como o escritor passou de interessado por leitura escrita a profissional. Conta de sua experiência com a biblioteca de uma vizinha e do contato com o jornalista Nilton Faria que, ao ler os originais de seu livro Redenção para Job, o incentivou a enviá-lo para uma editora. O resultado foi receber uma carta do escritor Fernando Sabino, um dos fundadores da Editora do Autor, confirmando a publicação.
O início da trajetória profissional é descrito no tópico da matéria Vida de jornalista. Nela, o escritor traça uma espécie de linha do tempo, com início em 1962, ainda em Recife, no jornal Última Hora do Nordeste, passando pelas perseguições da ditadura militar em 1964, que o acabaram levando ao Rio de Janeiro. Na nova cidade, trabalhou no periódico Última Hora carioca, no Jornal do Brasil e em O Globo, onde ficou até ser preso e sumir.
No recorte Preso na Ilha das Flores, Aguinaldo Silva lembra os três meses que passou desaparecido entre 1967 e 1968, ao ser detido pelo Centro de Informações da Marinha (Cenimar), devido o prefácio que escreveu em uma das edições brasileiras do diário de Che Guevara. Anos depois, ele conta, a situação virou uma cena da novela Senhora do Destino, quando a personagem Maria do Carmo chega ao Rio de Janeiro no dia em que é decretado o AI-5, e é presa. “Tudo isso aconteceu comigo”, lembra.
Em Do jornal para as novelas, a matéria destaca a ida do autor para a Rede Globo de Televisão. Entre as histórias de bastidores contadas por ele na entrevista, está o convite para assumir a novela Roque Santeiro, no lugar de Dias Gomes, que estava em viagem pela Europa e deixou cerca de 40 capítulos escritos. “Quando li pensei: ‘mas que bobagem!’ confesso que não acreditei naquilo, mas fiz o que tinha que fazer, era profissional e comecei a escrever, a escrever e a escrever. Por fim, Roque Santeiro foi aquele escândalo”, relata. O sucesso trouxe louros, mas também uma briga com Dias, que voltou no final da novela e assumiu os capítulos finais.
O dramaturgo também conta, no intertítulo Sucesso atrás de Sucesso, histórias sobre suas novelas que marcaram época na televisão brasileira, como Tieta (1989), que chegou a 98 pontos de audiência, e Império (2014), que deu ao autor o Emmy Internacional de Melhor Novela em 2015. No recorte Passado sempre presente, ele revela que Senhora do Destino é a novela preferida de sua autoria: “Gosto muito porque, embora não seja a história da minha família, tem muito a ver com ela, com seus valores”.
Aos recém-completados 80 anos, ele fecha a entrevista falando sobre o sentimento de gratificação ao receber o reconhecimento do público, mas também reflete sobre a exaustão do trabalho como autor de novelas, lembrando que percebeu os pés inchados após vários dias que passou sentado para escrever capítulos de O sétimo guardião (2018). Ele também faz planos para o futuro: está dedicado a escrever um livro de memórias, enquanto aguarda a confirmação de um novo projeto para tevê. Cenas dos próximos capítulos.
SERVIÇO
80 anos de Aguinaldo Silva
No site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br
(Da redação com informações da Assessoria)